AGOSTO 2010

cafésolo

segunda-feira, 13 de julho de 2009

BREYNER, 1994



Tempos difíceis esses de estudante, vives num quarto dividido
por três, o tempo e o dinheiro não chegam para tudo,
chove durante todo o inverno e, a velha senhoria,
persegue todos os teus passos, dentro dessa mordaça
que é simultâneamente a sua velha casa.
O portão de acesso data de 1873
e nunca se encerra verdadeiramente
chega a pesar toneladas nas noites frias
em que regressas a casa encharcado,
intoxicado em fumos e copos que procuravas
sem razão aparente.

Os dias foram sempre diferentes depois de deixares o n.º 283
da Rua do Breyner, passaste fases obrigatórias,
renasceste quando assim teve que ser e,
hoje aqui estás
numa carapaça mais pesada e calejada
pelos anos que já viveste.
Consciente sim, pelo fardo que ostentas,
igual a ti mesmo, porque apesar de tudo,
revês-te nele, como a um verdadeiro guia.
Aquele que prima por te conduzir numa história
que julgas vir escrevendo simples, até aqui.


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3 comentários:

  1. Gostei deste particularmente, Miguel!
    Lembro-me das histórias que contavas, com um brilho nos olhos, mas sem nostalgia, desses episódios caricatos da velha da Miguel Bombarda!:) Beijos, Cláudia.

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  2. Migo este já sabes o k penso, mas mais te digo, que este é o retrato de uma vida, que passa por todos nós!!! Caimos diversas vezes no nosso percurso na vida, mas é com isso que encontramos força para nos erguermos as vezes que forem necessárias!!!
    Beijinhos

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  3. Breyner 1975 - um percurso identico...quem diria que anos mais tarde iria ler este poema que tantas recordações me traz...

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