AGOSTO 2010

cafésolo

quarta-feira, 27 de julho de 2011

vejo desde aqui um azul vapor
















Vejo desde aqui um azul vapor,
a condensação defronte aos olhos,
uma levitação de camarote sobre o mundo.

Parece eterna a vida vista daqui,
como a lisura do teu olhar que me 
conquista em cada avanço sobre o meu.

Perco o alcance sobre as coisas,
sobre as flores, sobre esta saudade
que a nós pertence e que sempre regressa 


louca, como o alcance que não temos 
sobre-tudo, sobre o todo de perder o pé. 
Perco a noção inteira da palavra destino. 


Perco o fôlego ou a ideia mortal de existir,
o calor que nos aponta numa mesma direcção
ou mapa disposto a sul de tudo (e até mesmo de nós).

Como este amor que nos encontra (agora)
de igual modo firme e frontal. O suor firme do teu 
corpo contra a firmeza do meu: nosso mundo ou jeito

                                                              [terno de ser. 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

regresso a sul

















Regresso a Sul. Pela mesma janela ou
sentido cardeal, pelo mesmo alcance 
telúrico da carne, como o destino verde 
dos teus olhos que me olham a norte.

Regresso, ao mesmo sentido do amor,
às fotografias por onde nos fixamos
como rostos felizes na mesma sépia
de sempre. Talvez tenhas razão quanto

aos pontos cardeais, quanto ao momento
que atravessa a pele e nos superintende
a existência, a vigia corpo a corpo, num
mesmo modo ou jeito mudo de respirar.

Pouco importa (agora) se na verdade 
todo o mundo se prolonga e regressa 
dentro de uma certa violência imaginada-
mente perdida: sem geografias possíveis –

por esses tais instantes – que se negam
como palavras lançadas contra a ferocidade
das mãos, a cobiça cravada entre as unhas
e a carne, como este desejo que se partilha: 
                                                       
                                             [de regresso a sul.