AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

o tempo passou, minha irmã
















para a minha irmã, Elsa.


O tempo passou, minha irmã,
e nós, já nos demos conta
de não existirem mais peças
que sirvam aos nossos moldes.

As dores, essas, instalaram-se,
como os anos que nos colhem
apressados «season after season».
Será que ainda sentes o aroma

fresco – da cevada e do trigo –
de uma infância que nos molda?
Talvez os sintas, por certo, no repicar
Fresco da memória como o cansaço dos dias. 

Quanto ao resto:
nada de novo, dois corpos distantes 
acalentar medos que dantes não existiam. 
Como o tempo que urge e não se esquece 

de quem somos ou para onde vamos.
Talvez hoje não estejamos assim tão longe 
dos rostos felizes que emprestávamos 
ao registo mecânico das fotografias.

Passou o tempo, é certo, e nós estamos
vulneráveis como nunca o fomos na casa
da avó «Mami», onde tão cedo aprendemos
o sentido ou o peso da palavra – Amor.