AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 18 de maio de 2013

os meninos correm



Dizem-nos os experientes –
talvez se enganem –
tudo quanto existimos
nos retorna
como se de um ciclo
se tratasse.

Na verdade o conflito
somos  nós, o Homem
e a sua duração
a sua sapiência
ou o vinho que partilha
da mesma taça.

Não me importam as vozes
dos experientes de negro
as suas mágoas
ou desprazer,
importa-me o silêncio
e a paz que nos roubam.

Mas afinal se nos dizem
que tudo nos regressa
numa mesma medida
como conseguem medi-lo afinal?
Pelo prazer do augúrio?
Pela mofina que lhes toca?

Pouco importará saber
caro leitor, porque o inferno
(a existir) também somos nós:
os menos experientes
que embatemos de frente
aos infortúnios dos outros.

E os meninos correm,
fogem para longe das vozes:
procurando silêncios
e o repouso dos erros
procurando crescer:
à luz dos sorrisos.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

toca-me como chuva




Assim vai a vida, mais 
rápida que a sombra
que nos precede
sem que demos conta
do limite que nos guia.

Mas há dias de chuva
mais claros que nós:
esclarecidos pelos dias
densos
entre aguaceiros vagos.

A memória será sempre
o teu melhor perfil
a fotografia mais fiel
daquilo quanto que és
por essas pedras vivas

tão vivas quanto nós
apesar do cinza
que não nos molha
entre a calçada
pisada pelos dias - tão

seguros quanto nós -
que os enfrentamos
estoicamente entre
calor do sangue derr-
amado - como amor.