AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 17 de maio de 2014

dentro de nós
















Trago um apelo ou uma espécie
de zumbido que não me larga
desde o inverno. Talvez seja
o silêncio quem mais o estimule.

E se porventura se vai, soçobram
ecos da cidade, sirenes de gente
aflita e outras máquinas que
rasgam o azul frágil dos céus 

como se nos deixassem um rasto, 
um enigma ou um novo destino 
por decifrar.
Sortes diferentes, dirá o leitor.

E o zumbido torna pelo silêncio,
como se fosse um inquilino ou 
um medo instintivo
que aprendemos a ignorar.

Tal como a poesia que não vem.

Porque nem sempre mora aqui.
Melhor dizendo:
nem sempre está disposta a fazer-nos
companhia. Umas vezes, porque simples-

mente se tarda por outros destinos, 
outras vezes, porque simplesmente
adormece: 
dentro de nós.