AGOSTO 2010

cafésolo

quarta-feira, 31 de julho de 2013

On està el límit de la raó?




                                                    Para: quem sabe barceló.



¿dónde está el límite de la razón?
não, não me venho desculpar em castelhano
até porque o titulo, quer dizer, o poema,
foi pensado em catalão.
alguns amigos catalães vivem, como direi:
surrados pela cobiça pulsada de um país.
surrados talvez seja castelhano a mais.
explico: quando alguém por ventura
por herdades de Juan Carlos se aventura
a falar em grandeza, solta-se o mote mais 
que batido: «mira que pareces catalán».
pois, nada, como dizem nuestros hermanos,
retidos que estão nestes rasgos de amor
breve, ou o seu oposto: será desamor?
pouco importa saber, se na verdade
queria verbalizar sobre os limites da razão
(se é que existe, uma e outra coisa) ou 
os desígnios do amor, o seu desencanto:
pronunciado que está já no 14.º verso.
conclusão, gosto de pensar em catalão,
desde o 3º andar, entrada 3.9, n.º 214
da rua engenheiro pedro lacerda.
porque apesar de ter a galiza no peito
é na catalunha que se sostiene mi corazón.
de totes maneres ¿on és el límit de la raó?
pois, o limite não existe, tal como a razão
não existe na firmeza da palavra, nas pessoas
nem nas bocas que a pronunciam: procurando
equilíbrio. sejamos entonces catalães &
castelhanos, claros e equivocados,
porque este epílogo é coisa nenhuma 
e o amor é, afinal, bem mais urgente.

terça-feira, 23 de julho de 2013

sorrir elevadamente




                                                                                         


Despertar, meu amor. 
Para o dia e para 
o mundo. 
Ter a capacidade de sorrir:
elevadamente.

Sentir o tempo que trava
na tua ausência 
& viajar à velo-
cidade da luz
olhos nos olhos.

Se pudéssemos ser
quem somos:
numa outra distância
num outro destino
qualquer:

não morreríamos de medo
nem de outra solidão.

Mas o tempo, este tempo
joga a nosso favor
& vem de mansinho
sobre os nossos ossos
sobre os nossos corpos
cúmplices & tão belos.

Porque toda a beleza
das coisas que nos tocam
tem a capacidade
de nos fascinar:
apaixonar –
absolutamente.

E ao fim do dia:
morrer.
Ansiar pela manhã
que nos reinicia
& torna a sorrir:
elevadamente.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

a minha família



                                                    Para a minha: "Kiki"




Tenho em casa algumas plantas
de estimação e um gato de cultivo.
Trato de regar as plantas sempre
que me lembro, mas lembro-me
sempre antes que me olvide.

O gato, que na verdade é gata, res-
gatei-a – ao abandono –  da crueldade
da rua onde vivia. Somos, por isso, como:
unha na carne, pele com pelo,
ossos e a sensibilidade do corpo.

Cada um, na sua arrumação factual,
ocupa o espaço que lhe compete.
Variamos obviamente, como toda
e qualquer família onde impera
a liberdade de acção e movimento. 

Fizeram-me assim, não sei, gosto de
pensar ou acreditar: sensível.
A minha família de estimação 
(que cultivo) que me desminta:
acaso o poema seja pura ficção.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

amor composto



                                                               


Fugimos? 
Perguntei eu num tom:
quase imperceptível à luz do sol
esgueirado à nossa frente.

Havia em ti uma espécie
de urgência concomitante
com o fim da tarde 
e o regresso a um mundo:  

Só Teu.

Um mundo onde não há lugar
a segredos nem planos de fuga.
Um mundo assente no outro mundo,
porquanto teus olhos brilham,
acima de todo e qualquer sol
que agora se nos escapa.

Um dia quiçá: 
fugimos, 
para o imenso azul
de todo o esquecimento.

A alquimia sequaz 
de um amor que 
se multiplica por cada plano 
inclinada-
mente composto:
o desejo do nosso desejo.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

hot heart




                                                            


Esta noite está um calor de África. 
E na verdade, nunca lá estive, a não ser 
através dos livros, reportagens de TV
ou mesmo nos filmes.

Recordo a vez que mais perto estive dessas terras, 
talvez tenha sido Gibraltar ou a ilha de Tenerife, 
que, se bem me lembro nessa altura, 
era igualmente quente, quente como hoje.

No calor da noite acordei. 
A luz começa nesta altura a rasgar 
o ventre quente e materno do dia.

Um dia que se anuncia todo ele: 
africano.

E tu, que não me sais da cabeça?

Pergunto-me: serás tu o Sol 
que está prestes a implodir 
no meu coração?