AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 30 de julho de 2009

CRÓNICA DE UM CAMINHO VELHO



Antes, o silêncio foi o embaraço,
a branca sem bronca,
o medo aterrador na falta de assunto,
uma morte anunciada sem fim à vista.
Hoje, entendes que ele faz parte de ti,
é o sossego que esperas na opacidade da noite,
a almofada mole em cama lavada.
Percebes que preenche paredes e tectos na casa,
é uma espécie de oceano que deambula
pelas divisões pé ante pé, onda vai onda vem.
No silêncio, prendem-se desejos de um destino imperfeito,
ganham-se rotinas nos vícios que não se desprendem,
e tu, apesar de tudo, sentes-te confortável nesse romance

cujo términos não dominas. As tuas mãos pedem o aconchego
desse amor errante que sabes, chegará num trote ronceiro,
rompendo com esse reino mudo que julgaste ser o pó
inquietante e sobranceiro.
Depois, toda a ânsia será vã, todos os silêncios serão castelos
no cimo de uma colina a que chamarás de alucinação.
Sentirás o suspiro que dilacera o peito e roga pelo mar que perdeste.
Silêncios que excomungaste, como se de águas se tratassem,
de um qualquer ribeiro bravio, agora esquecido e extinto.


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