AGOSTO 2010

cafésolo

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O DIA EM QUE POSEI NU



Inicio mais uma jornada, aparentemente
igual às demais que tenho vivido por estes dias,
os meus segredos não co-habitam neste cenário,
criei por isso, com o passar dos anos,
uma espécie de corrupio escrupuloso,
ao qual vou adicionando uma pitada de egolatria bem temperada.
Viajo rente ao desconhecido, rumando por entre ruas estranhas,
vou fazendo fotografias daquilo que me seduz.
São quase lógicas as emoções,
intensas energias que por mim se cruzam,
e no entanto, tudo não passa de um dia casual.
Nada me faz perder o sentido,
a minha orientação encontra-se
em plena ascensão quase telepática,
o tempo corre,
como se as horas e os minutos
tivessem contas a ajustar entre si.
O dia é longo e cansativo o calor angustia-me,
mas tal como o cachorro obediente
que reconhece a seu dono,
farejo o caminho de regresso a casa,
um retorno quase infantil ao estojo imperfeito, mas meu,
respiro por fim o oxigénio que julgo ser minha pertença,
assenhora-se de mim o desejo de posar em corpo nu
para essa fotografia voyeur, num silêncio comungado
por quem não me conhece.

Ao sentir este arrimo quase companheiro,
posso (por fim) dispensar a sentinela
subalterna do comprimento do dever,
desato o nó do "tem que ser",
e caio, como um derrotado já sem máscara
num colchão que me apalpa e reconhece,
me acaricia e sente os calos,
como jamais alguém sentirá por mim.
Pressiono por fim esse interruptor mágico
e embalo nessa aventura que não me devolve os sonhos,
mas que me inunda, no seu oceano de imagens.


mpc - Copyright ©

Sem comentários:

Enviar um comentário