AGOSTO 2010

cafésolo

sexta-feira, 10 de julho de 2009

QUARENTA E QUATRO




Porquê o quarenta e quatro?

Nasceu não me lembro bem quando,
não sei situar de todo a sua data de nascimento,
não sei explicar bem ao certo o ponto essencial da questão,
não mo perguntes por favor!

Na verdade não sei bem por onde e como
deva começar esta retórica...

A única coisa que sei, é que me condiciona
a modos que me faz tentar decifrar
cada significado, de cada uma

das suas aparições.

Para mim é plena sorte vê-los, uma superstição,
um misticismo qualquer,

um estranha cena inexplicável,
que me faz (por mero exemplo)

acordar numa outra dimensão,
noutra disposição
que me anima ao ponto de ensaiar
uma qualquer música no chuveiro que me iça
em seus guindastes de água morna
pela manhã, corpo adentro.

Talvez tenha eu encontrado a morte, em 1944
sei lá de que lado da barricada dessa guerra
desalmada, que tantos miolos esmiuçou…
Desconfio até que, talvez numa outra vida,
tenha eu tido a infelicidade de sucumbir
na U.S. Route 44, numa colisão frontal…
Tenho vontade de fazer

uma dessas viagens ao passado
a que vulgarmente chamam de regressão,
então, julgo que finalmente poderei
entender esta minha obsessão
por estes dois dígitos…


Aparecem e desaparecem em segundos

no contador de quilómetros do carro,
no relógio automático do despertador
da mesinha de cabeceira…
Qualquer momento é válido para ver o 44

e depois de o ver, só eu sei aquilo
que me trespassa por entre sinapses
que mergulham até ao tutano da imaginação...

Não me perguntem o porquê, pois a resposta
poderá jamais fazer sentido, e a própria pergunta poderá
também ser uma mera intrujona
metediça, alcoviteira que espiolha na vida alheia.

Encontro na gaveta memorial
do meu córtex central, as palavras
sábias da avó “Mami
(minha eterna segunda mãe!):
“- De sábio e louco, todos nós temos um pouco!”
Talvez avó, não seja tão sábio assim, mas a minha
dose substancial de loucura, fica aqui bem expressa,
não há nada a esconder, se tal fanatismo
exacerbado é demonstrado desta forma vil
sem artificialismos ou subterfúgios.

Ter amor por dois dígitos pode ser
a maior estupidez jamais dita, ou escrita,
o seu significado só a mim importa,
a sorte, a esperança, a dádiva
que deles espero, na verdade

é algo que não sei bem explicar…

Talvez num dia sem nevoeiro possa eu saber,
e aí eu juro que escrevo algo acerca de,
mesmo sabendo que corro o sério risco
de não me fazer entender
a mim próprio…



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