AGOSTO 2010

cafésolo

sexta-feira, 10 de julho de 2009

INCONVENIÊNCIA, CONVENIENTE




A inconveniência de ser conveniente,
cabe a alguns como o próprio sapato
no pé da famosa Cinderela,

a maravilhosa fábula só possível
de imaginar em mentes de gente pequenota,
infantil, que assiste ao desenrolar de toda a tramóia
com a maior das tranquilidades,
aceitando a tese como única e válida,
sem nunca perderem tempo para sequer questionar

ou querer perceber se haveria ou não outro pé,
onde calçar o fatídico sapato perdido…

Afinal, aí reside todo o sumo ou busílis da questão.
Cepticismos? Esse é um mundo de adultos!
Bom, mas isto também não virá ao caso
pois não é o cerne daquilo que tenho a dizer...

Vivemos numa espécie de guerra interna,

digladiamo-nos ciclicamente com o efeito mordaz
da mania da perseguição...
(Nunca pretendi ser perfeito,
nunca o fui e jamais o serei!)

Mas a mordaça que nos castra (a alguns),
o medo que nos inibe de sermos eventualmente
inconvenientes, assa-nos sem tempero,

moí-nos o estômago já queimado,
revira-nos o corpo do avesso,

faz-nos penar tipo um cão vadio,
numa condição que no fundo

percepcionamos como patética e paranóica.

Conhecemos no entanto, quem não distinga em seus intentos

a ambígua inconveniência de ser,
autênticos desbaratados linguísticos,
debitam demasiado léxico por minuto,

sem auscultarem a sua personagem,
o seu verdadeiro papel nesta vida...
É-lhes a pele e o pelo da sua
inconveniência conveniente,
doutra forma não conseguem absolutamente
pregar, ser ou mendigar
as poucas migalhas,
que lhes cabem por direito.

Sei que mesmo receando o exemplo

de tais figuras, posso, no entanto,
eu ser o bicho mais inconveniente de todos
para os outros que me avaliam,
por isso, o ser inconveniente,

estará sempre dependente
da óptica do maestro,

aquele amigo que tem a batuta na mão…

Na impossibilidade real de existires

em conformidade com uma sociedade justa,
de livre acesso a direitos deveres e garantias dos cidadãos Europeus...

Sr. Karl Marx, perdoe-me o obséquio
de o informar que afinal:
- Você estava redondamente enganado
na sua utopia da alienação!
Se outrora a fé e religião foram ópios
de um povo triste, pobre e inculto,
hoje assistimos a quê?

Hoje, talvez você dissesse:


"- A bola (e os 22 milionários que correm atrás dela)
é quem mais “cega” a mente popular!"

Mas o melhor mesmo, depois de lançado o mote...
É dizer não! Basta!
Não, porque essas milhentas mangas,
são afilhadas dos milhares de panos que as aprofilham...

Por outro lado, existe o real risco de eu próprio começar a pisar
essa linha de fronteira, que delimita a inconveniência.

Ou não?

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1 comentário:

  1. Gostei muito do blogue e dos poemas. Vou continuar a acompanhar...

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