AGOSTO 2010

cafésolo

sexta-feira, 24 de julho de 2009

« The Fire Fox »



Um bafo quente, vem com a precocidade da noite,
nós, estamos também prontos a arrancar noite dentro,
fazer de conta que experimentamos pela primeira vez
uma recolha tardia a beijar a aurora boreal que juntos
imaginamos ver, no caminho de casa.
O jogo de sedução avançou de mansinho, foi inventando
diversos assuntos, de diversas unidades temáticas,
sabíamos ser o papel de parede, com que fomos
forrando milimetricamente o espaço e o tempo.

O caminho para o bar é rápido e instantâneo,
enquanto sentimos o peso dos euros
na algibeira que não usamos.
De todos os assuntos esquartejados,
apenas a morte não mereceu seu destaque.
És agre e doce, a saliva que ganha uma espécie
de azedume por não ser partilhada.
Não prestas e ficas só, nesse teu domínio
copioso mas imperfeito.

A luz do dia ganha terreno na sua previsível alva,
perfeitamente encadeada no orvalho, que não sobrevive
na claridade dos passeios, das casas e jardins,
por entre caminhos onde confiamos os passos
pausados e cambaleantes de um destino que se adivinha.
Prometemos no próximo verão ir à Lapónia,
(num desses voos oferecidos por uma companhia low cost)
fotografar o revontuli ou o "fogo da raposa"
(conta a lenda, seria provocado pelo choque titânico
das suas caudas com os montes de neve,
provocando com esses golpes certas faíscas
que se espalham estranhamente na imensidão dos céus).

Nada melhor que o fascínio de um beijo rasgado,
um momento inebriante que acelera
o rápido latejo do pulso que avança,
numa caminhada longa, de pura ascensão.


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1 comentário:

  1. A saliva nao tem prazo de validade....alem disso...ja viste o perigo de andar a ser partilhada!!!! Solitude e nao solidao:) é diferente:)

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