DANÇA DE UM ANJO

Danças nesse teu jeito exótico

com que acendes o rastilho do meu olhar,

és a pólvora que eclode em mim

e me prende fixamente no teu semblante…

Não sei se te amo, sei que não quero

deixar o teu rasto, enquanto deambulas

entre passadas incertas, às vezes escondidas,

como se do jogo das incertezas se tratasse…

Observo-te num silêncio descomunal

por não querer que percas a naturalidade

própria dos anjos… Sim… aos meus olhos és um anjo,

talvez por isso sinta

que jamais serei capaz de te interpelar,

de te poder beijar ou sequer abraçar…

Sonho com o dia que me possas fitar,

com teu olhar magnânimo…

Será que sorris para mim?

Oh que tolo que eu sou!

Porque será que não me canso de te esperar?

Juro, que um dia ganho a coragem de te falar,

tenho tanto para te contar…

Continuo a ver o teu caminhar, calçada fora

e de repente, no fim da rua,

deixo de te vislumbrar…

Recomeça a minha espera,

numa espécie de busca incessante,

que passo só para te ver

dançar assim para mim…

Nesse teu grassar,

que me faz embalar

em teu encanto…

Imaginar que desfruto o teu respirar…

Ai como é bom ver-te assim, passar

nesse teu jeito de ser,

no teu deslizar!

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