AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 11 de julho de 2009

BISTURI DO AMOR


Apanhas o metro sem saberes ainda em que estação vais sair,
sem saberes igualmente se consegues
seguir este percurso até ao final do troço.
Foges dessa angústia que acaba de te esventrar,
a incisão milimétrica desse bisturi chamado amor.

Cais em ti sem piedade, culpas-te desta espécie de saga
que te tem perseguido, como a tua própria sombra.
Olhas para a realidade que te acompanha desde sempre
e hoje, apenas hoje, não consegues ver nada à tua volta,
tudo é baço e inconsolavelmente triste, apesar do dia de sol,

que de fora da carruagem brilha.
Há pessoas que te observam como que, por piedade,
e tu, não consegues fazer o disfarce desse
turbilhão de ideias que te trespassam.
Sabes que não existem maquilhagens possíveis
que escondam esses sentimentos.
Tentas uma e outra vez rever o filme,
ecoam em ti, essas últimas palavras
proferidas por esse “tipo”
a quem julgas estar amarrada de amor.

Nada e ninguém conseguirá demover
essa ideia deste ter sido o último episódio,
o derradeiro encontro o desfecho e estucada final
dessa novela triste que se arrastava sem nexo.
Sais na próxima estação.
Decides caminhar um pouco pelas ruas da cidade
na tentativa de aclarar ideias, a vida não está fácil para ti,
alguém em casa perdeu o emprego,
a tua avó está prestes a dar as últimas braçadas
neste oceano que é a vida, e tu,
sentes-te incomensuravelmente só.
Num banco de um jardim público
ao final da tarde, despertas uma brisa que agora percorre
os teus cabelos longos ligeiramente ondulados e muito negros,
começas a reagir lentamente,
submergindo desse lodo que te envolve e domina a existência...
Queres reagir, precisas recompor-te
do abalo sísmico que te apanhou
de costas voltadas.

Bastaram apenas quatro meses, mudas radicalmente,
viras a página e podes agora observar mundo,
notas que afinal os teus cabelos longos e escuros
são como um chamariz, que joga a teu favor.
A tua avó já “foi”, vítima de um tumor que a castigava
há alguns anos.
O ambiente em casa é agora desanuviado,
apesar de tudo e todos continuarem iguais a si próprios,
tens agora um novo alento
causado por esse entusiasmante fenómeno
a que chamamos de paixão.

Nada poderá atestar que esta será
finalmente "aquela" escolha... Aceitas, mais uma vez
esse vago risco que já se aflora e sente na tua pele...
Beija-te uma nova motivação com que respiras
e reaprendes a sobreviver…

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6 comentários:

  1. Foarte interesat subiectul postat de tine, m-am uitat pe blogul tau si imi place ce am vazu am sa mai revin cu siguranta.
    O zi buna!

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  2. Boas palavras e boa musica. Parabens.

    Passa em www.blogarte.bloguepessoal.com tambem vou escrevendo umas coisinhasa.

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  3. fora do vulgar, enfim tou a adorar:))

    bjinhossssss

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  4. eu por outro lado discordo com a Cristina que diz "fora do vulgar" :)

    penso que estes momentos passam na vida de muitas pessoas e o "bisturi do amor" esse então é implacável, não deve haver uma alminha que já não o tenha sentido na pele

    só á pouco tempo começei a ler o teu blog Miguel mas já tens tanta coisa escrita ! que ainda não foi possivel comentar tudo, mas vou fazê-lo porque é muito bom ler te

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  5. Sinto ainda hoje a lâmina gélida e horripilante do deslizar, continuo do bisturi por entre meu peito. Meu coração sangra incessantemente, ao saber que aquele por quem pensava estar amarrada de amor, revela-se alguém frio, distante e fechado num mundo só seu, que acaba por esconder um segredo que contribui para o desmoronar de um sonho que fui alimentado pouco a pouco. O sol deixou de brilhar, nunca mais houve luar. Entristeci, a tristeza estampada no meu rosto, era difícil de disfarçar, nada nem ninguém me conseguia fazer sorrir. O corte do bisturi chamado amor, marcou o fim de algo que na verdade não chegou a iniciar. Aprender a respirar um novo ar, beijar uma nova motivação e reaprender a sobreviver é ainda um pouco difícil. Quanto tempo será ainda necessário para aprender a virar a página e iniciar um novo capitulo da minha história…
    Isabel T.

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  6. O amor é fodido! Literalmente, é uma cena fodida, que tal como outras coisas simples da vida, muitas vezes simplesmente não sabemos "apurar".

    Beijo Isabel

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