AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 6 de novembro de 2010

M.O. [1943]















"E quase gostas disso, quase: a música de punhais,
servil, um certo e procurado desencontro.(...)

O resto, a vida, fica para outra vez."
                                       Manuel de Freitas 

É-me tão difícil falar desse tempo Mário:
uma casa longínqua na aldeia materna
desfocada nos braços da nossa infância.

A eterna lembrança do aniversário que foi
uma espécie de desastre de emoção rara.
O peso da revolta entornada ao soalho,

a mesa quem tomba sobre as palavras loucas,
um fim de mundo vazio entregue aos ossos,
como a ferida que corre no fervor do sangue.

O equilíbrio perdido dessa pressa distante
e o quintal tão quieto às traseiras da noite
são a cepa estéril de um medo insuspeito

a fissura que seiva ao nosso desencontro.
E a mobília que resta nos restos da casa
é o baço mais baço no pó da memória.

4 comentários:

  1. apesar do tempo distante há recordações que ficam para a eternidade...

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  2. Um doído lamento a soltar-se da memória...

    Beijinhos, Miguel... :(

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  3. suave melodia triste que paira na lembrança tua
    fresca a memória dos tempos ainda tão presentes
    sendo já moldura de passado
    doce embalar de perda...
    que só sente que vive no presente despido em silêncio...
    paz em ti e lá onde o teu afago chega de uma outra forma
    tão mais eterna...
    x<3 tudo muda e transforma até o Homem...

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