AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 13 de novembro de 2010

esta noite














Só a noite sabe deste nosso regresso 
a um mesmo desencontro; ao lado inverso 
dessas portas trancadas pelo aço –  
a metalurgia cortante – na penumbra 

do resto dos dias. Mantemos na pose 
no corpo erecto, a rectidão por onde 
respiram cabeças ­ blindadas – aos códigos 
esparsos dos outros. Há algo de errado 

nesta tarde, nesta relação de ausências, 
talvez por saber que apenas a noite 
nos reconhece sem filtros – e sabe 
que sempre volvemos para envolver 

no cimento as paredes dos nossos versos.
O olhar perdido na ausência do rosto
a sépia dispersa cimentada pela noite
são o resto das estrofes do nosso vazio.

E em jeito de remate, dir-se-ia :
fazes-me falta esta noite!

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