AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

«sixtieth day»















Sessenta dias e sessenta noites.
Estômago à boca
madrugada dispersa
sede entregue às noites 
perdidas por quase nada,
dispersão dispersa e: nós.

Nada é como nos disseram ser o remorso 
de não ser uma conjugação plural.
Às vezes lento outras vezes rápido demais,
e o que é ser lento ou frágil no poema?

A fatalidade de um tempo redimido
às circunstancias de não ser?
As palavras que voam e não se inscrevem
na certeza da nossa incerteza?
Um cigarro que voa sem tempo 
de entornar cinza nas palavras?

No início éramos nada, não existíamos 
no espaço ou tempo plural, estávamos 
entregues – por assim dizer ­– 
ao cronógrafo seguro dos dias. 
Repito: iniciava-se – manhã cedo ­–
estômago rápido, ­ sobrando o resto 
à boca, uma espécie de forma ­– arrastada
                                                     [ao momento.
A carne desentendida aos pedaços.

Remato?
O que fica por dizer,
escrever, repartir? 
Recomeçamos o poema
a partir daqui?

3 comentários:

  1. e o que sãos os dias senão partículas de momentos aglomerados em tempos maiores?... E o que são os momentos senão um recomeçar sequencial de poemas?...

    Beijinho grande, Miguel!

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  2. Cada uma das sessenta partes de um todo...

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