AGOSTO 2010

cafésolo

terça-feira, 2 de novembro de 2010

inconcreto

















Conta-nos agora desse teu sonho
de esquecimento, dessa manhã
parada junto aos canteiros de rosas.
A garrafa a boiar na mensagem.

O dia recomeça-se lento junto
ao fundo da incerteza que anoitece.
Acordar esmagado pela sombra
absoluta de um amor absoluto

ou a falta dele. A promessa frágil
de um verso sem voz nem futuro.
Acordar vazio num coração preso,
colado à transformação dos versos.

Conta-nos da tua mais profunda
lembrança, o teu maior segredo
informulado. Olha-nos sensível
junto à insensibilidade das mãos.

Olha-nos de frente para o resto
dos versos, conta-nos a verdade
que não dizes clara. Fala-nos de ti
dessa sensibilidade que escondes

a todo o custo. Será que receias
recair junto às desgraças do amor?
Esse amor terrivelmente devastador
um todo medo sensível que adormece.

E tornas a cair junto aos lençóis
dum não-futuro, à boca fria da noite.
Eu quero gritar sem que me ouças,
eu quero escrever sem que o sintas.

Não sei que caminho é este, desconheço
os dias que crescem para lá da maturidade.
Trago à luz da noite imagens de memória:
um travo doce junto à inconcreta reformulação

do que não somos: o travo sal da oposta
visão ao outro tanto que não temos.
Conta-nos agora porque anoiteces assim:
junto à madrugada dos teus sentidos.

7 comentários:

  1. LINDOOOOOOOOOOOOOOO!!!!~

    Um Beijinho Amigo

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  2. este poema enquadra-se perfeitamente na vida de certas pessoas...nem sei que diga...
    adorei mesmo!
    obrigado por estes momentos.

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  3. :-)
    Ai Cabral Cabral:-)
    Olha adorei este poema... aliás quais não gosto?:-) dificil dizer... Hoje não sei se por ser o dia que é, disse-me tudo. Obrigada pela forma como escreves. Até sempre... Até poemaAté poeta...

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  4. "...Eu quero gritar sem que me ouças,
    eu quero escrever sem que o sintas..."

    As tuas palavras sempre me transmitiram algo, mas hoje tocaram ainda mais.
    Obrigado, aqui vai o meu pensamento:

    "O meu grito é silencioso.
    Nada sentes, quando escrevo,
    Palavras em vão...com medo do nada."

    Marta Lucena

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  5. Maria, Cátia e Marta, obrigado,
    pelos vossos comentários!
    Beijos

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  6. Belíssimo poema, Miguel! Perfeita (des)construção... :)
    Beijinhos! (grata pela visita e pelo comment!)

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