
Venho
por este meio recorrer
ao
âmbito natural das coisas.
Ao
sentimento frio que nos recomeça
nocturno,
desde o vazio da noite – nas ruas.
Um
ou outro sorriso que gastamos
junto
ao balcão de um bar
ou
noutro cenário qualquer.
E
nunca é tarde demais
para
distrair o medo,
uma
mesma direcção,
uma
mesma partilha
a que chamamos:
ânsia
ou modo vida.
É
urgente ditarmos as regras
ao
desalinho, é urgente cobrar
às
palavras uma ordem natural
das
coisas. Aceita-las como se fossem
só
nossas, como se fossem a nódoa ou borrão
de
tinta no nosso papel, um recurso
que
recorre desta breve passagem.
Venho
pois por este meio recorrer
– nesta folha azul de 25 linhas –
à
jurisprudência que em boa verdade
não
existe. Ao reconhecimento
que
não procuro, diria mesmo que:
procuro
o consentimento que existe
entre
o lume cruzado dos teus olhos.
Recorro
pois deste limite cortante
que
nos [de]fere a cada momento.
Ao
esquecimento que se apaga junto
ao
vazio de um copo, ao abandono
lento
que nos sobra – neste recurso
perpetrado
– junto à lisura do balcão.