AGOSTO 2010

cafésolo

terça-feira, 4 de agosto de 2009

VIÇO



Sentes falta de um olhar que mal conheces,
desse fugaz instante, esvaído e indelicado.
Dos voláteis odores jorrados no corpo,
julgas ter absorvido a composição.
Na lisura estranha e terna da pele,
sobressai o travo doce, que se perpetua
num memorial suspenso e imaginado.
A tua boca sente o encanto da outra boca,

a descoberta arrojada mas sentida das palavras.
Nos contornos do corpo, visualizas o aconchego
nunca ocorrido, o calor jamais sentido,
um sussurrar quente dessa língua suave e matreira.
No desconsolo de um fado, trinado e aflito,
lamentas o abraço, que em tempo algum cresceu,
a contagem asfixiante dessa ocasião que fugiu,
o fim anunciado de um momento breve e retraído.

Pudesses tu imaginar o calor das minhas mãos,
ensaiadas nas tuas, por um mero instante,
no ínfimo acaso, será que me prendias assim?

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