AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 22 de agosto de 2009

ESSE CAMINHO TÃO PRESENTE



O céu era o limite, naquelas manhãs e tardes 
de primos passadas no monte. Construímos parte 
da nossa abundante personalidade pueril num mundo
governado por paus, pedras e outros bordões de apoio.
Por entre caminhos de terra alegremente batida
repusemos certos guerreiros, de várias raças, 
que por ali teriam avançado numa marcha branca e triunfal. 
Aquela ficção que juntos consertávamos mentalmente,
expunha-se depois em pequenos diálogos que pairavam 
como o ar fresco da serra, junto das nossas cabeças. 
Era a nossa forma de desbravar um mundo, montanha acima, 
mais um idear cintilante de outras coisas, que rebentavam 
na fertilidade da nossa imaginação. Vestíamos a pele 
dos animais indefesos, vislumbrávamos o terror na fotografia 
de um lobo sorrateiro que deambulava por entre as inolvidáveis 
giestas, amarelas e verdes. Das mais toscas pedras e ossadas 
que se nos atravessavam ao caminho, inventávamos fósseis 
devidamente estilizados, que depois deixávamos pra trás.

Ao fim da tarde porém, todo o enredo desvanecia, 
pousávamos terreno firme sob a protecção fresca 
daquela velha e portentosa ramada nas traseiras da casa. 
Essa cepa exânime agoniza agora a rápido retalho.

3 comentários:

  1. CADA VEZ MELHOR MIGUEL!!!

    CONTINUA POR FAVOR AMIGO

    BEIJOSSSSSSSSSSSSS GRANDES

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  2. isto leva-me á infância :) que bom

    nostalgia profunda de momentos maravilhosos em que gozava a plenitude da felicidade e não sabia

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