AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 8 de agosto de 2009

APAGÃO


Sabias que não era a tragédia, mas o próprio elenco
que convidaste a sair nessa noite. Por entre as nuvens
cinzentas dos frenéticos cigarros e o dourado do malte,
foste despedaçando o gelo e o medo de cair só.

Ajoelhaste-te impenitente aos pés da gravilha
que te beijou de forma tão imperfeita.
As luzes e as pessoas extinguiram-se no som das coisas,
ofuscaram-se sob uma forma que desentendes
ou tampouco sabes traduzir.

Afinal, perpetuas a tua ignorância
na urgência de mais um dia que nasce,
julgas-te encarnado num ser quase imortal,
trespassado que está esse fogo que não sentes,

mas reconheces ser a tua própria pele.

Decides, na estiagem dos dias que te restam,
não arrecadar as imagens desse episódio tão curto
(talvez inglório até) perdoado que está afinal,
pela brandura de quem te distingue
na citerior face límpida, do teu próprio espelho.

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