Trazes
um rumor escondido entre os lábios.
As
palavras ocultas, arrumadas pelo medo
inerte
do espaço. Objectos desorientados
pela
mesma desrazão dos dias, os olhos
fechados
nas sombras dos objectos. Trazes:
um
cheiro de amor, um aroma doce de rosas
silvestres
e um vestido (que vejo claramente),
como
uma espécie de poluição entre a cor e o
aroma
campestre de um corpo suado por dentro.
Espalhava-se
como um rumor de amor esse teu
vestido,
desde o alto dos muros até ao alto dos
sorrisos
abertos como flores emprestadas de boca
em
boca. Uma espécie de rumor espalhado pela
força
dos dedos, a marca profunda dos anéis.
E agora que regressas, trazes murmúrios:
um rumor frio que
esmagas entre os dentes e as águas
profundas do teu
pensamento. Um eco calado na boca
como a alta saliva
seca pela surdez muda das palavras.
Uma porta aberta para
um abismo que trazes por dentro.
Um alto mar revolto
por nada, ou um todo sal que ficará
[sempre – por dizer.
Adorei...
ResponderEliminarBrutal o ritmo, a cadência das palavras. Transmite uma espécie de equilíbrio que se desmorona no fim... as palavras que vão caindo como chuva por cada verso, por cada estrofe!
ResponderEliminarFaço minhas algumas palavras do "anónimo". Parabéns pela força das palavras e dos sentimentos. :)
ResponderEliminarUm grande poema, Miguel. Talvez o melhor dos seus poemas, daqueles que li. Arranca um mundo telúrico das palavras e transmite algo de épico à eloquência do amor.É, sem dúvida, um poema de antologia.
ResponderEliminarUm abraço
Alexandre
Tão intenso, Miguel. E tão belo. Dói, de tão belo.
ResponderEliminarUm terno beijinho, primo :)