AGOSTO 2010

cafésolo

segunda-feira, 16 de maio de 2011

perdi os versos

















Ontem perdi o sono e depois
os versos do poema. O vento
difundia-se em súbitos gritos
entre braços, desideratos
fossem de outra gente – como
o amor isolado entre paredes –
na cidade que adormece.

Perdi os versos e o sono
por esta terra reinventada
na espessura do papel.
Entre uma luz evidente
e esta paleta de cores repetida,
tal cópias exactas de um
passado onde não moras.

Perdi os versos que jurava
não perder, mas perdi,
perco-os sempre defronte
ao desejo de um nada que
acontece. Como uma tocha
que arde figuradamente triste,
nesta vida de se «trazer por dentro».

Perdi o medo de perder, desde
que cedo perdi os versos,
as estrofes e as cores,
ainda que por mil manhãs
me reencontres perdido neste
mesmo papel de retrato (trans-
figurado) em palavras que ficam

                            [e se repetem – para sempre.

2 comentários:

  1. Escreve com muita fluidez, arranca de nós a nossa mais perfeita e ácida combinação "solidão" associando-a a angústia de estar, de ser e sentir.
    Gostei...
    Abraços
    Nina Pilar

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