AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 14 de maio de 2011

sem hesitar – a palavra
















Desliza às paredes da língua
uma torrente de chuva ácida
na vez da saliva. Como se fosse
uma corrente que nos atravessa

o espírito – afundando depois
entre poros – melhor dizendo:
entre a armadura de aço no peito
e os limites da pele que cede

à estiagem lenta dos dias.
Envelhecemos aos poucos,
adicionamos brancura aos
cabelos que se descuram

na avidez sôfrega deste tempo.
E insistimos por esta contagem
que se julga ser interminável.
Valha-nos a memória do tanto

em que fomos, a verdade em que
sempre vivemos, porque a língua
que nos representa há-de morrer
firme – sem hesitar – a palavra.

1 comentário: