AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 1 de julho de 2010

por ti, por nós?



Fizeste-me ver pronto naquela manhã
que tardava em chegar junto às janelas.
O futuro do mundo entregue ao desengano
da sorte. Dir-se-ia que tu jamais ousarias
enganar os pálidos prazos, com que nos tinhas
calculado; por ti, por nós? Podia senti-lo a cada
gesto firme, que articulavas na medida precisa
duma mecânica perfeita entre lábios.

Os meus olhos preferiram fugir, para junto
das distracções mais óbvias, como a sombra
dos objectos menos usados noutras fugas.
Eu procurava a verdade em cada investida tua,
e tu, inventariavas um nós que mais parecia inexistir.
Mantinhas a firme convicção num frágil discurso,
que só abrandava interpolado, na mais curta pausa
que usavas para travar aquela sede baça, cada vez
mais extinta; por ti, por nós?

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