AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

«flower»



Na volta da rua trago comigo
o travo ácido da língua,
por não saber redigir
a frase inteira do teu nome.

Olho-te num soslaio fraude, rápido,
como se o instante ido
hesitasse olhar-te de frente.
Na volta da rua trago

um punhado de pequenos nada,
um olhar vazio perdido nas montras
que ninguém vê. E perfume que guardei
sem porquê; e olhares desviados por desatenção,

timidez, não sei bem. Trago-te travada
por uma língua solta, numa rua revolta
em letras perdidas entre as sílabas dos bolsos,
misturadas nos trocos que não cheguei a gastar.

3 comentários:

  1. Sempre tem o momento certo.
    Jefhcardoso do
    http://jefhcardoso.blogspot.com

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  2. Fixa o teu olhar, na flor que vês ali naquele canteiro.
    Contempla-a, deixa que a sua pureza te dê uma resposta.
    Fixa de novo o olhar, inala lentamente seu perfume;
    deixa que se entranhe dentro de ti, não esvazies teu olhar!
    Abandona a timidez e não a deixes ali, perdida num cantinho do canteiro.
    Evoca o seu nome sem medo, transforma as trevas em luz,
    e o trago ácido da tua língua, na doçura do mel.
    Agora sim, conseguirás redigir a frase inteira do seu nome.

    Uma ves mais parabéns por mais um belo poema.

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  3. Singelo e simultaneamente belo, o teu comentário.

    Obrigado, I.T. (Isabel Tavares?)

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