AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 31 de outubro de 2009

LÍVIDA NOITE


---------------------------- Para a Cátia

Caía a noite em tom lívido
quando a notícia chegou
ao liceu Alexandre Herculano.
Desceu automaticamente uma

espécie de angústia nebulosa,
enquanto se iniciava alheia
a última aula da última turma do dia.
O sangue corre-me veloz por entre

impulsos eléctricos que reagem
sob a forma de flashes memoriais
à tua existência. As vozes são cada vez
mais espaçadas, dispersam-se agora

dentro dos largos corredores, em
combinação com centenas de imagens
fotográficas que ressudam em mim.
Era impossível ficar-te indiferente,

irradiavas coriscos por toda a tua
existência e, nas centelhas que a tua
boca soltava, ressoavam certezas de quem
era o que realmente queria ser.

A morte,

colheu a destempo
como quem ceifa
trigo verde,
numa vontade imperfeita,

incontornável
ao sabor duma qualquer

maquinaria humana.

Para sempre ficará guardado o brilho
contagiante do teu olhar que sorria,
o ar suave e doce da tua essência,
numa memória colectiva perpetuada

em nós, em cada imagem, em cada gesto teu.

3 comentários:

  1. A morte,é fria e cruel entra porta a dentro sem pedir licença
    e leva os que mais amamos.

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  2. "Acreditamos ficar tristes pela morte de uma pessoa, quando na verdade é apenas a morte que nos impressiona."

    Gabriel Meilhan

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  3. Não bate à porta, entra de rompante e leva quem amamos...
    Que a Luz dos nossos olhos ilumine cada um que nos foi roubado...
    Tantas Cátias... Joquins... Antónios... Marias... por esse Mundo fora...

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