AGOSTO 2010

cafésolo

sábado, 11 de dezembro de 2010

equação





















Habitua-te a ser mais concreto
contigo. Não te escondas mais
atrás de um jogo de palavras.
Situa-te ao espelho, vê-te frontal!

Aproxima-te mais de ti e diz-me
a equação que vês. Oh o amor! O amor
e as suas voltas desbotadas contra
o rectângulo branco das fotografias.

Precisas mesmo dizer que falhaste
tanto quanto os outros até aqui?
Quem nos vem indicar o caminho?
Quem nos percorre por inteiro afinal?

É preciso dizer que tudo tem um fim,
que toda a matéria viva morrerá num dia
firme, contra a certeza concreta da memória
que voa, fora do alcance das palavras.

Um dia acordas assim, entregue ao vazio,
numa espécie de enfado ou destino,
o contra-peso ou ideia de balanço que tens
de um mundo arrastado no tempo, que vendo

bem, nunca chegaste a viver pleno. Pouco
interessa agora saber meus amigos, por quantas
cordas nos atamos por raízes soltas, por quantos
dias nos perdemos nesta prova real que é a vida.


Interessa sim romper
com o resto do tempo
que nos resta subtrair
no resto da equação
que nos falta resolver
                                   [a partir de nós.

2 comentários:

  1. Amei....parabéns meu grande amigo.

    Um beijo da Maria

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  2. Miguel, a imagem [poética] foi muito bem conseguida e resultou numa belíssima corrente de palavras...
    Terno beijinho :)

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