AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

REGRESSO



As quietudes na casa relembram-me outras
cores, outras músicas de outras noites,
que sempre regressam, após cada dia azul
tornado noite deslustrada, dum inevitável vinil
________________________________ [ vazio.

Regressas a ti, sempre que as sinapses
se imprimem e vigoram como o sangue
que corre por entre vestígios memoriais,
[com que vais mantendo a tua respiração

uma espécie de caderneta ou livro branco
onde inscreves aquilo que és a cada momento
a cada segundo que passa. Naquela loja
do campo pequeno, sabias que o silêncio

era um mero episódio,
igual a tantos outros repetidos,
em imensos e difusos anos,
manchados pela tua inércia.

Havia poemas ansiosos
para emergir do nada,
como se precisassem do oxigénio que respiras
[como se dependessem apenas de ti.

Depois regressamos, exaustos mas fortalecidos,
por entre conversas que despontavam como cravos
de Abril. Sabíamos que voltaríamos a escrever,
a rebuscar as palavras certas,

a reencontrar esse refúgio silencioso,
como se fosse ele o único companheiro
dessas mesmas quietudes tão cúmplices
dum mesmo regresso a casa.

2 comentários:

  1. E que belo regresso! Os dias parecem iguais, sempre que a rotina se instala. Mas a vida corre como sangue entre as veias.

    Ricardo Oliveira

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  2. Ontem tinha estado aqui e tinha estranhado a tua ausencia! Não sei se é bom regressares mas é sempre bom ter te por perto!

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