AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

NOVEMBRO ARREFECIDO



Ela, vestia o corpo nu numa camisa
masculina, desabotoada como se
fosse um robe, percorria os armários
descalços de uma cozinha desconhecida.

Ele, acordou no estridente ranger
metálico dos tachos, tornou imediata
a prossecução do código sosssego
num ideário decido entre pantufas.

Nela, sobressaía um sorriso, julgando
a sorte indagada tantas vezes; nele,
a enorme vontade terminal da variável:
impasse. Cruzou-se o sorriso com a

sisudez desgrenhada da manhã, ainda
permeada numa barba a desfazer.
O choque enérgico evidente alimentou
as lâminas cortantes do ar atmosférico

de um Novembro arrefecido.
Ela vestiu-se à pressa e bateu seca a porta,
ele sentiu o consolo aliviado num chuveiro
improvisado. Estudou, reviu o filme e saiu
com seu resoluto & monocórdico ego.

3 comentários:

  1. Mas que poema maravilhoso!...
    Eis a pura magia que acontece quando sentimos parar o tempo e tudo passa a ser comandado pelos instintos
    um grande abraço
    Miguel

    ResponderEliminar