AGOSTO 2010

cafésolo

terça-feira, 30 de junho de 2009

CARNE E OS OSSOS



Queria pedir-te…
Nada! Apenas que olhasses para mim e me visses assim,
Quero a tua atenção, que me olhes nos olhos, frente a frente.
Que sentisses que te olho, que te observo
sem que tu, me vejas olhar.

Que visses dentro da alma e me dissesses
se sou terno, meigo ou frio…
Nunca te disse adeus!
E no entanto haveria tanto para te dizer,
tantos momentos partilhamos que

agora são meros conteúdos vazios,
como garrafas bebidas num frenesim,
em busca de um esquecimento também ele vazio.
Talvez, aos teus olhos, as palavras sejam meras ruas,
de uma cidade perdida

e abandonada num continente qualquer,
e não faz mais sentido percorre-las afinal
se se perdeu o sentido da orientação,
mas as feridas que ardem,
curam ao mesmo tempo os maus momentos,

então decidimos que não voltamos
a degustar tal néctar amargo...
Desejei servir-te uma taça de vinho,
cor rubi encantado pelo tempo,
voltar a sussurrar-te ao ouvido, lembrar-te

que afinal o sabor não era tão mau assim.
Ó pobre de mim! Se me lamento?
Não sei se será esse o meu tormento,
nem tão pouco consigo perceber
porque te escrevo assim.

Sei que neste mesmo instante,
não queria que me olhasses,
dentro da capa fria e arrogante que vestes.

Joguei as cartas na mesa
e tinha quase a certeza,
que não havia ganhar ou perder,
houve sim, um extremar de emoções
um travar de razões,

mas quando dei por mim…
Estava então agarrado às lembranças e guerras,
às danças de toda uma vida…
Não quero pedir-te nada!
Apenas que não me olhes com teus olhos de dor,
que me vejas sem rancor e que me observes afinal,
tal e qual eu sou,
Se estou triste ao falar-te assim?
Talvez não saiba afinal o que significas para mim…
Ou então, talvez seja um mero devaneio da imaginação,
sei que na verdade este sentimento que me invade,
talvez seja uma dor que me mói…
e de mansinho me destrói,
dor que não se vê, aos olhos comuns,
e que apenas se sente na carne de alguns…


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