AGOSTO 2010

cafésolo

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

corpo-a-corpo-boca-a-boca

















Fazes-me ver longe quando estamos perto.
Primeiro concentro-me na tua boca
e depois no riso disperso dos teus olhos,
nas imensas centelhas também dispersas
aos três cantos da sala, porque o quarto
canto somos nós, olhando-nos:                           
boca-a-boca-corpo-a-corpo.

Camuflamos um ou outro sorriso no apelo
ou simples permuta da boca encerrada
às palavras, como uma espécie de pacto
de silêncio – por mil imagens roubadas.
E voltamos para repetir as metáforas
de um não futuro que se adivinha,
como este tempo que nos ronda devagar
e nos faz ver longe quando estamos perto.

Regressamos por uma espécie de distância
presente, por um mesmo caminho onde nos
inventamos intactos, digo, por um caminho
onde nos construímos sós, – como as quatro
paredes no silêncio da sala – & tu, és tudo
quanto meus olhos requestam ao lume
brando que nos devora:
                           corpo-a-corpo-boca-a-boca.

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