AGOSTO 2010

cafésolo

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SILHUETA



A casa plantada a monte vestia
a humildade da nossa presença despida.
Erguia-se uma espécie de condição
verde entre a minúcia escolha de palavras.

O quadro que nos envolvia figurava
como um mar de palha que se nos atravessava
na secura da garganta. Podíamos sentir
os silêncios do amor, o apelo da mão
estendida sobre a face de um desejo
inventado por despudor. O copo de vinho
tinto alentejano que bebíamos precedia
a consciência dum todo resto seguinte.

Adorava ver a tua sombra nua, projectada contra
o vício dos armários, sobre as cortinas brancas
janela acesa, frenesim da manhã. Encerrava-se
em ti a luz do dia que avançava, e como eu, crescia

________________________________________[pra ti.

4 comentários:

  1. Tudo na vida tem de ser feito com convicçao e vontade.

    Bjs

    Susy

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  2. Acrescento só uma coisinha ao que a Susy disse: sempre com verdade e sem ferir o alheio!!

    maravilhoso este poema tb me identifico um pouco com o sentido...

    bjokas

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  3. Engraçado, li algumas vezes este texto, porque gosto de tirar um sentido ou história daquilo que leio e por vezes não é logo á primeira, ou por alguma distracção que nos impeça de concentrar, ou por estado de espirito ou alma, que não nos deixa alcançar de imediato o significado e por acaso hoje li


    uma coisa ... num sitio ... de alguém .... que espero que se aqui vier não se importe, podia identificar a pessoa mas ela pode não gostar e não vou fazê-lo, mas dizia esta poetisa


    “...Se não sentes o que lês
    Fecha minhas folhas...
    Teu coração não vê...”


    Isto ficou-me na cabeça e por isso não comentei de imediato, mas agora que estou mais calma e relaxada olho de novo e já vejo uma história que não vi no principio


    E o que vejo é, o descanso do artista que busca a inspiração antes de se balançar para novo rol de sensações e sentimentos que serão “despejados” no papel, outrora “estéril”



    “...Uma casa no meio do nada ( o artista), um monte ermo (o papel ),
    está vestido pela quietude dos pássaros ( a pausa).
    Ergue-se uma convicção que se movimenta ( inspiração )
    na robustez de um espaço, árido e frontal....”

    “ ...soltam-se projectos apaziguados pelo momento” ( uma vez mais, está em ebulição o que virá a ser a explosão da escrita )


    “... A mão requer o domínio, o comando da cena,
    interage na electrónica de um "pause" instantâneo..”


    O que a escrita tem de fantástico é isto, as leituras que se podem fazer, e que podem ser tão diferentes de pessoa para pessoa, e esta ... deu-me luta :D

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  4. Gostei da Interpretação da Pepita
    È uma pessoa que consegur sentir a poesia.
    E a poesia é isso mesmo, tem de ser sentida.

    Boa crítica

    Beijocas

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