AGOSTO 2010

cafésolo

terça-feira, 14 de agosto de 2012

a casa que era e já não é




A porta da frente sempre aberta, revelando
o bater de uma aldraba que estremece.

As tábuas longas e enegrecidas pelo
tempo, o fulgor de um corredor cuidado-
samente encerado a joelhos. Ao meio:

o cruzamento da porta dos aposentos com a 
da grande cozinha. Ao fundo: uma outra porta
e mais quartos cuidadosamente vigiados pelo

lustre no cobre antigo das caldeiras. Era uma
casa enorme, tão farta quanto a nossa infância.
Havia uma porta nos fundos que se encerrava

quando a luz se perdia e a noite se apossava
dos nossos corpos. Mas era acima de tudo uma 
casa de gatos com nome e de cães com coleira:

“Doggy, Miss, Fisto, Lhau ou Piaui” entre
outros nomes que a memória nos rouba
como a casa que era e já não é mais nada

senão a reminiscência retida pelos versos
e por outras palavras.

2 comentários:

  1. Fecho os olhos, recuo no tempo…. Lá está ela, a casa que era e já não é. Quatro paredes, um teto, quarto, uma sala, um sótão; cantos e recantos repletos de emoções e eternas recordações. Cada degrau que vou subindo, mais me aproxima daqueles que outrora nela habitaram. Os móveis antigos, o sofá vermelho, o lambrim com recordações de passeios. Sinto o delicioso cheiro a sopa de feijão; ela lá estava à volta das panelas sempre com um sorriso grande para me receber. Como o passado parece presente.
    Desço degrau a degrau, para trás a casa vai ficando vazia e a minha memória cada vez mais sólida. Não resta mais nada, apenas recordações. Apaguem a luz, fechem a porta à chave, a casa que era já não é. Agora permanece guardada no armário das minhas recordações de infância.

    Na verdade todos guardamos na memória uma casa especial. Beijinhos Miguel
    Isabel

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