AGOSTO 2010

cafésolo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

o tempo passou, minha irmã
















para a minha irmã, Elsa.


O tempo passou, minha irmã,
e nós, já nos demos conta
de não existirem mais peças
que sirvam aos nossos moldes.

As dores, essas, instalaram-se,
como os anos que nos colhem
apressados «season after season».
Será que ainda sentes o aroma

fresco – da cevada e do trigo –
de uma infância que nos molda?
Talvez os sintas, por certo, no repicar
Fresco da memória como o cansaço dos dias. 

Quanto ao resto:
nada de novo, dois corpos distantes 
acalentar medos que dantes não existiam. 
Como o tempo que urge e não se esquece 

de quem somos ou para onde vamos.
Talvez hoje não estejamos assim tão longe 
dos rostos felizes que emprestávamos 
ao registo mecânico das fotografias.

Passou o tempo, é certo, e nós estamos
vulneráveis como nunca o fomos na casa
da avó «Mami», onde tão cedo aprendemos
o sentido ou o peso da palavra – Amor.

6 comentários:

  1. Devia talvez reservar para a intimidade o impacto do teu poema, de que agora me aproprio; e o meu sentimento de profunda felicidade pelo teu presente. Por seres/ estares presente. Mas não resisto a escrever o que de imediato senti: um profundo orgulho porque escreveste para mim... e o que escreveste para mim. Sabes que te amo, que ainda és o meu pequeno menino loiro, lindo, de olhar expressivo e sorriso aberto.
    Agora irei ler, tantas vezes quantas o meu coração mandar, estas palavras que me inspiram e me acalentam a alma e a mente. (só não agradeço porque o amor não carece de tal cumprimento)

    Elsa

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  2. Faz-nos tão bem ler o que escrevem,obrigada aos dois por partilharem...
    Um beijo
    Xana

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  3. Vi o seu blogue publicitado por uma amiga no FB. Cliquei e, sinceramente, gostei do pouco que li. Prometo voltar!
    Parabéns! :)

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  4. Poder-me-ão entender todos aqueles
    de quem o coração for a roldana
    do poço que lhes desce na memória.

    Se alguma coisa vi foi com o sangue.
    De alguém a quem o sangue serviu de olhos poderá
    falar quem o fizer de mim.

    Luís Miguel Nava, Poemas,
    Porto, Limiar, 1987.

    Um beijo grande, mana!

    Sabes que sim, que continuarei a ser o teu mano mais novo, e que nenhuma distância (física ou cronológica) poderá apagar esta ligação de sangue que nos une, para além do próprio tempo, agora e para sempre.

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