
Eu procurei avisar-te, mulher:
para a inexistência da perfeição;
ou por outra:
que ela existe sim, na mesma medida
em que a beleza das coisas existe e vive
efémera, como um ciclo que dura
para além de toda e qualquer ilusão.
E que apesar de tudo não nos perfura
a alma como os punhais da desilusão.
Sucederam-se os meses
(a que chamamos passado)
e de cada vez que te escondias
entre a espessura dos dias
encontravas o remate perfeito
na «simetria» do poema.
E a perfeição não existe,
ou por outra:
apenas o teu sorriso existe,
como um embalo que eterniza
[a métrica do amor.