“E cantar era conceber uma estrela,
um testemunho da mais alta loucura”
um testemunho da mais alta loucura”
Herberto Helder
Sigo o relento destes dias longos
tão distantes do alcance dos dedos
como o medo puro das rosáceas
cravadas por instantes na carne.
Intermitências de um sol que se afasta
desta máquina clandestina e cantante
como uma espécie de fé que se aninha
entre a loucura e a prudência da solidão.
entre a loucura e a prudência da solidão.
Estamos sós, estancamos nossos medos
por cantigas antigas, de outros tempos,
«quiçá» mais felizes ou menos vivos.
Talvez seja o inverno que nos tarda;
Um medo frio de quem canta sem razão
ou motivo aparente, sem ritmo ou amor.
Talvez seja a poesia que nos pronuncia
diante da carne que envelhece sob a pele.
Talvez seja o medo do fim destes dias longos,
esquecidos como colecções antigas que fomos
deixando para trás como a nossa própria idade.
deixando para trás como a nossa própria idade.
Talvez seja esta a estrada sem cabeça, por onde
impera uma certa loucura de uma certa
impera uma certa loucura de uma certa
cabeça desvairada, desvirtuada do norte,
de um rumo ou plano “b”, que na verdade,
nunca chegou a existir nos escaparates
da nossa memória.
nunca chegou a existir nos escaparates
da nossa memória.
Talvez seja este cantar aturdido
por onde me trago perdido
uma espécie de vazio entre mãos
que se adianta lenta e ternamente do fim.
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