AGOSTO 2010

cafésolo

domingo, 9 de outubro de 2011

jogo de palavras

 


Coisas pequenas, jogos de cartas em palavras,
digo, jogos ardilosos de significados escondidos
entre mãos – como quem desfolha um dicionário
de toda uma vida – que deixou de fazer sentido.

Existe uma ordem aparentemente anacrónica
que fria e cegamente se afasta da sua própria
história. E eu digo: toda a matéria se questiona
no tempo, na sua ordem ou causalidade natural;


na precisa hora em que se ditam amarras de
toda uma vida. No preciso momento em que a
matéria deixa de ser matéria e passa a ser pó
como vento que beija o exacto perfil do outono.

Coisas pequenas, coisas de embalar, coisas
frágeis de partir, coisas que invadem o nosso
espaço, sobrevivem a este tempo, um tempo
encerrado por cada instante – por cada história


frágil – de fraca raiz. Uma história dispersa
que se afasta do paradigma em que vamos,
uma espécie de axioma longínquo mas perfeito.
Eu agora mergulho no absorto mundo pássaro,

olho as tuas asas e replico por esse caminho
derramado de sangue, de pequenos horrores,
devastação. Como o vício que nos representa
neste jogo repetido, viciado. Somos maioritária

e repetidamente escolhidos, ou por outra,
entregamos-nos simplesmente à passividade e,
caímos a pique nesse tempo que se esconde  
do próprio tempo, pelo mesmo instante que 

                                                           [se esquece depois. 


Como este jogo perdido que 
se encontra viciado à partida.
Ou será nosso predestino perder
este jogo de palavras assim?

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