AGOSTO 2010

cafésolo

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

vago
















Quase não dormes em ti.
O teu modo era uma sala
candeeiros meia-luz
a certeza no meio do nada

vago desconforto ao amanhecer.
Mas era vaga também a sala,
os tecidos cor carne, um veludo
fixo aos olhos. E havia uma luz 

de silêncio para longe e para sempre, 
a palidez rara no resto dias. Um respirar 
junto ao fundo, coração lento das palavras. 
E um fumo brutal travado lamento. 

Os olhos perdidos no rasto das sombras 
e o teu recomeço a cada momento.
A cortina fechada rasgada no rosto
encerra-se lenta a outra face de nós.

4 comentários:

  1. Vago, Miguel, este título encerra todo o poema, mas só o sabemos depois. Por isso mesmo é uma chave, coisa rara de concisão e clareza. Muitos poemas poderão ter tal titulo, mas dificilmente vestirão desta fora um texto. E o texto, são imagens vagas, emoções vagas, tudo vago, mas presente, sensível... Falas da ausência e dás memória aos sentidos para encher e os espaços os silêncios que foram deixados vagos, ao correr da cortina. Concreto fica este balanço poético, que fazes da vida entre a presença e ausência (a outra face). Podemos lê-lo e ver que é Vago, mas belo.

    ResponderEliminar
  2. Gostei muito do teu comentário Alice!

    Beijo grande e concreto! :)

    ResponderEliminar
  3. Vaga é a doçura, vagas são as lágrimas, vago é amor e vago é tudo quanto é belo antes do sentido que nós lhe damos!

    vagamente belo... :)

    Beijos

    ResponderEliminar