AGOSTO 2010

cafésolo

domingo, 2 de maio de 2010

MARIA, MINHA MÃE



Certo dia acordei
conhecedor da tua «ida»,
esperei por ti
alguns anos como sabes,
foi à altura
tão difícil aceitar.

Os dias arrastaram-se
penosos aos meus olhos.
Chorei palavras em lamentos
semeei cores de outros ventos
sem que as lágrimas ressequidas
enferrujassem a lâmina ríspida
que me cortava
lenta
a cada imagem tua.

É duro cinzelar a pedra
sem ter a verdadeira noção
daquilo que vamos esculpindo
tantas vezes no alvo acaso.
Faltou-me tantas vezes o «pilar»,
faltaram-me tantas vezes essas forças,
as tuas forças Mulher!
Faltas-me tanto!

Depois de acordar, ambos saberíamos
que nem uma lágrima vertera.
Fiquei seco e frio, e Tu,
conheces bem os porquês.
Porque será que nunca fui capaz
de te dizer um simples:
- Adeus?

11 comentários:

  1. Amo-te, e amar-te-ei sempre, Maria Isabel!

    Até já, Mãe.

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  2. sei qual é essa sensação Miguel. desconhecia eraq ue a tinha também vivenciado.perdi a minha mãe ha 5 anos e ha 10 dias uma segunda mãe, minha tia que tambem me criou.

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  3. Lindo e doce este poema...apesar da dor e tristeza...q tb partilho ctgo...eras um "menino" com 9 anitos...q violência e tortura...se eu mulher feita e mãe...sofri horreres com 34 qdo perdi o meu pai...

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  4. Perdes te alguém que te amou muito, mas no dia 2 de Maio de 1974 nasceu alguém que te ama e te amará para sempre...

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  5. Todos somos alvo de infortúnios ou perdas, outros visionam amores e outros sentimentos.
    O importante é estarmos aqui, vivos e contempladores de um mundo que gira e nos olha atentamente.

    Obrigado pelos vossos comentários.

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  6. Simplesmente belo, toca bem fundo.
    A dor de perder aquela que nos deu a vida, que é o nosso pilar, para crescer em amor e sabedoria é realmente penoso. Mãe, como todos precisamos dela! Como precisamos sentir o seu cheiro, o seu calor, o seu amor e do seu ombro para chorar, mesmo quando somos bem adultos...

    Cristina

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  7. Mãe é Mãe! :)

    Obrigado Cristina, pelas tuas palavras.

    Abraço

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  8. Alexandra Mascarenhas17 de junho de 2010 às 19:30

    Era tão bonita a tua mãe! lembro-me tão bem dela, quando entrava no comércio do meu avô era como se levasse consigo um raio de sol, sempre alegre... Macedo ficou mais cinzento sem ela na verdade acho que nunca mais recuperou...

    Parabéns pelos teus poemas são admiráveis!

    Um beijo
    Xana

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  9. É verdade Xana! Foi um sol que se perdeu em macedo, e para mim, também uma parte de mim se foi.

    Agradeço a tua visita e lisonjeiam-me as tuas palavras!

    Beijo, Miguel

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  10. UM LINDO POEMA PARA UMA MÃE AINDA MAIS LINDA, QUE PARTIU TÃO CEDO...MAS ONDE ELA ESTIVER SENTIRÁ UM ENORME ORGULHO PELO FILHO QUE TEM.

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