AGOSTO 2010

cafésolo

quarta-feira, 10 de março de 2010

ÂNSIAS MINHAS



Assim se mantinha acesa na pele,
numa espécie de combustão contínua,
como se fosse um cunho do meu «tino raro»
(que episodicamente me acompanha)
em cada desdobrar de esquina,
a cada tornear de página.
Reconhecia-a, sim, pelo seu bafejar
crónico mas remoto. Bastava-me fechar
os olhos e senti-la abraçar-me,
num gesto que repetia mas que
tampouco desejava.
Insistia porém

________________nesse olhar,
nessa perspectiva dilacerante
de quem não sabe esperar e troca
a certeza da ânsia, pela incerteza
do que poderá simplesmente não lhe «tocar».
Ultrapassava-me na minha própria existência,
sei que na verdade não conseguiria jamais alcança-la,
nem mesmo com a ponta dos dedos.
Chegava sempre tarde.
Percorria depois o estirão que ela me ditava,
e eu, seguia cego, as suas orientações secas
sem translinear.

3 comentários:

  1. A ansiedade é uma éspecie de neblina que tantas vezes se instala na nossa existência. Saber detecta-la e finta-la da nossa convergência, é que é mais difícil...

    Um abraço companheiro.

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  2. A ansiedade é a "droga" que nos mantém vivos. É a adrenalina pura e dura de quem sente e vive de uma forma viva, única, plena de lucidez...

    Abraço R.O.

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  3. Ansiedade, não a consigo ver, mas sinto-a lentamente a entranhar-se no íntimo do meu ser. Toca-la, não consigo. Ah! Como gostava de desensarilhar a rede que aperta meu coração, livremente respirar e afastar a cegueira que este sentimento provoca.
    Um beijo
    Isabel Tavares

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