
Assim se mantinha acesa na pele,
numa espécie de combustão contínua,
como se fosse um cunho do meu «tino raro»
(que episodicamente me acompanha)
em cada desdobrar de esquina,
a cada tornear de página.
Reconhecia-a, sim, pelo seu bafejar
crónico mas remoto. Bastava-me fechar
os olhos e senti-la abraçar-me,
num gesto que repetia mas que
tampouco desejava.
Insistia porém
________________nesse olhar,
nessa perspectiva dilacerante
de quem não sabe esperar e troca
a certeza da ânsia, pela incerteza
do que poderá simplesmente não lhe «tocar».
Ultrapassava-me na minha própria existência,
sei que na verdade não conseguiria jamais alcança-la,
nem mesmo com a ponta dos dedos.
Chegava sempre tarde.
Percorria depois o estirão que ela me ditava,
e eu, seguia cego, as suas orientações secas
sem translinear.
A ansiedade é uma éspecie de neblina que tantas vezes se instala na nossa existência. Saber detecta-la e finta-la da nossa convergência, é que é mais difícil...
ResponderEliminarUm abraço companheiro.
A ansiedade é a "droga" que nos mantém vivos. É a adrenalina pura e dura de quem sente e vive de uma forma viva, única, plena de lucidez...
ResponderEliminarAbraço R.O.
Ansiedade, não a consigo ver, mas sinto-a lentamente a entranhar-se no íntimo do meu ser. Toca-la, não consigo. Ah! Como gostava de desensarilhar a rede que aperta meu coração, livremente respirar e afastar a cegueira que este sentimento provoca.
ResponderEliminarUm beijo
Isabel Tavares