AGOSTO 2010

cafésolo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

MADRUGADA AFORA



A madrugada pesa-me e eu,
desfaço-me
desde já sobre as horas.
Ainda não regressas
não é o tempo dessa vinda.
Sinto o meu pequeno quarto ou canto
inundado por milhares de feixes de luz.
Gritam-me de fora pra dentro.
Os transeuntes na rua
parecem sentir-se desorientados,
e eu
sigo o sentido de um mesmo
desencontro (assim me parece).
Saio sem que tenha
encontro algum;
vou, quero sentir o cheiro jorrado
pelo mal de um remédio
que tarda
ou não tem mesmo tempo
para se vir.
Quero filtrar as minhas queixas
das outras que ouço lá de fora
(mas que digiro por dentro).
Quero perceber o porquê de estar à frente da razão
a mesma que manchará em pecado
aquilo que não escrevo, nem espero
chegar para mim.
É tarde ou demasiado cedo agora,
para tentar deixar de ver
ou sequer sair imaculado
desde mim.

7 comentários:

  1. Este poema só transmite tristeza e solidão.

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  2. BRUTAL este poema! BRUTAL!!!

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  3. tb noto uma certa tristeza mas....
    bjokassssssss

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  4. Um poema introspectivo que é expressão de uma profunda mágoa. Contudo, não deixa de ser bonito. Gosto particularmente do início - "A madrugada pesa-me e eu,
    desfaço-me
    desde já sobre as horas." :)

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  5. As palavras não são frias nem tristes, nós muitas vezes é que nos julgamos perdidos no caminho. A verdade é que exultamos às palavras a verdade de um caminho que temos mesmo que seguir.
    Todos nós perguntamos a nós mesmos as acerca das inevitabilidades de uma nossa descoberta. Que cada um faça a sua, já é um excelente princípo...

    Beijos & Abraços :)

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  6. Por vezes temos de nos voltar a reencontrar novamente... para puder seguir o nosso caminho... Zeza Lopesz

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  7. A vida é um "start/stop" constante.
    O recomeço é uma condição de existir.

    Beijo Zeza

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