AGOSTO 2010

cafésolo

quarta-feira, 23 de março de 2011

«forgotten»

















Já todos se sentiram vetados a um certo 
esquecimento [pelo menos uma vez na vida].
Outros desejaram receber a correspondência
certa, dentro dessa caixa fechada por onde

se esconde o coração. E não há chave ou 
código que nos valha para decifrar o enigma.
Um afastamento de um mundo tão real quanto 
as brancas pedras negras desfeitas entre

o cinza da chuva na calçada. E há pássaros 
que irrompem o todo silêncio, questionam 
a quietude da voz que implode ao final 
da tarde no peito. A luz acompanha a ruína 

de um certo esquecimento, apaga-se pelo 
entorpecer das horas que deixam de fazer 
sentido, uma e outra vez. Há um copo 
de gelo que se desfaz num líquido perfeito;

assiste quieto ao desdobrar branco 
de um deserto instalado pela casa. 
Acende-se depois um rastilho púrpura 
nas palavras atadas ao resignado acto 

de escrita. E de forma, diria, quase cons-
ciente, retira-se da ideia ou verso inicial
a clivagem necessária no resto que não há para
lamentar, para esquecer, ou se [quer] ver esquecido.   

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