
Trago um apelo ou uma espécie
de zumbido que não me larga
desde o inverno. Talvez seja
o silêncio quem mais o estimule.
E se porventura se vai, soçobram
ecos da cidade, sirenes de gente
aflita e outras máquinas que
rasgam o azul frágil dos céus
como se nos deixassem um rasto,
um enigma ou um novo destino
por decifrar.
Sortes diferentes, dirá o leitor.
E o zumbido torna pelo silêncio,
como se fosse um inquilino ou
um medo instintivo
que aprendemos a ignorar.
Tal como a poesia que não vem.
Porque nem sempre mora aqui.
Melhor dizendo:
nem sempre está disposta a fazer-nos
companhia. Umas vezes, porque simples-
mente se tarda por outros destinos,
outras vezes, porque simplesmente
adormece:
adormece:
dentro de nós.