
A porta da frente sempre aberta, revelando
o bater de uma aldraba que estremece.
As tábuas longas e enegrecidas pelo
tempo, o fulgor de um corredor cuidado-
samente encerado a joelhos. Ao meio:
o cruzamento da porta dos aposentos com a
da grande cozinha. Ao fundo: uma outra porta
da grande cozinha. Ao fundo: uma outra porta
e mais quartos cuidadosamente vigiados pelo
lustre no cobre antigo das caldeiras. Era uma
lustre no cobre antigo das caldeiras. Era uma
casa enorme, tão farta quanto a nossa infância.
Havia uma porta nos fundos que se encerrava
quando a luz se perdia e a noite se apossava
dos nossos corpos. Mas era acima de tudo uma
casa de gatos com nome e de cães com coleira:
“Doggy, Miss, Fisto, Lhau ou Piaui” entre
outros nomes que a memória nos rouba –
como a casa que era e já não é mais nada
senão a reminiscência – retida pelos versos
e por outras palavras.