quinta-feira, 1 de outubro de 2009
OUTUBRO
Outubro comprido, longo, extenso,
como os teus cabelos castanhos
subtilmente tingidos no ouro,
que reflecte esse sol arrefecido,
inclinado, afasta-se de nós não opresso.
Tantos dias teríamos de contar, para afinal
concluir a tua dança assim, sem clamor
ou labareda que interpele as tuas águas
inóspitas, correntes que te seguem
por entre valetas e agueiros tão frequentes
como as noites em que escrevo.
Da tua essência Outubro, guardo em memórias
galochas que estreava a caminho da escola,
as castanhas e a sua aparição súbita, tal como
o fumo nas chaminés cinzentas, que compunham
todo um diverso e propício quadro,
longínquo, extenso,
como os teus cabelos castanhos.
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A peça musical era suave
ResponderEliminarE no tango, imprimiram-se a dois tempos,
os nossos passos.
Novas barreiras haviam de crescer,
tal como as chuvas de Abril, "num despertar de novos e velhos monstros que, apenas nós, teríamos o ensejo de reconhecer, como o castanho ocre inevitável, com que se maquilha o Outono"
Encontraste-te com o meu remoinho de vento,
planando nas incertezas que agitavam o meu olhar, feito refém das agruras que lhe tingiam o brilho.
O tempo, foi o mesmo tempo que deixou de o ser nos segundos que se seguiram depois.
Foi o renascer lírico e literal de um sono que se afundava sem tempo, nem provimento que pudesse adivinhar pior.
Aquele dia, poderia não ter sido o mais portentoso de todos, mas ficará para sempre perpetuado como um escarnamento probo de querer e poder!
Sabias, implicitamente, que tinhamos crescido e viajado assim, ao sabor espontâneo dos vocábulos que se geraram sob a geometria hermética dos nossos poros
A cena silenciou-se no fotograma ido no instante, escapou-se por entre os dedos como areia fina...
Desiguais serão, sempre, as viagens e os bilhetes de ida, como a estreiteza ensaiada desse caminho sem volta, nem hora comum
Tocaram-se, depois, os corpos, crivados num lume que inflamou a imensidão daquela cama emergida na escuridão...
Mas entretanto, o vento frio abalou as folhas mortas da Tília, talvez não soubesse mesmo, afinal, de que era feito um Outono...
E daquele Verão que morria devagar nada mais sobreviveu...
Tantos dias teríamos de contar, para afinal concluir a tua dança assim...
Da tua essência Outubro, guardo memórias...longínquas e felizes memórias
Começo por dizer que adoro ler todos os "feedbacks" no meu blogue, seja em que "timbre" for, pois julgo que os mesmos ajudam a ter uma visão sempre diferente, daquela que na realidade (a maior parte das vezes) acaba por compor a ideia original de um qualquer texto.
ResponderEliminarEmbora não seja meu costume comentar os diferentes comentários, tomei a iniciativa de comentar este, porque me agradou sobremaneira.
Vejo nele um autêntico poema, bem conseguido e superiormente encadeado.
Gostei imenso desta analogia, que realiza uma espécie de apanhado a vários poemas escritos e publicados neste blogue.
Os meus sinceros parabéns, e um muito obrigado pela excelência do comentário.
Cumprimentos;
Parece que alguém conseguiu apanhar o que vai na alma do poeta.
ResponderEliminarSem duvida temos outro ou outra poeta por ai!!
ResponderEliminarbjokas Miguel
k o teu Outubro seja mto melhor k o teu Setembro!!
Fiquei feliz por teres apreciado o comentário. Agradeço o elogio mas, na verdade, o mérito é todo teu, a produção é toda tua! Tratam-se, tal como disseste, de estrofes de alguns poemas que criadaste para ires contando uma história. Eu limitei-me, apenas, a unir trechos dessa narrativa condensando-a, no meu entender, à sua parte mais relevante. É sem dúvida uma história maravilhosa e inesquecível. Também desejo que sejas muito feliz, tu mereces.
ResponderEliminarCN