terça-feira, 27 de julho de 2010
o fim, na afurada
A roupa seca sob um adorno de abandono
vigiado ao sol, uma espécie de jogo entre
paus e pedras e outros sons de outras cordas.
Projectam-se pelas sombras de um balido
quase imperceptível pelo vento.
Nasce a fotografia que os olhos vêem do
momento tão perceptível quanto inusitado.
Ao fundo, a imensidão do que existe de facto.
Aviva-se em nós, essa espécie de verdade efémera,
(gangrenosa até) que nos parece querer assar na pele
o limite da nossa própria inexistência.
Só o mar resiste à evidência dos dias e nós, regressamos
a uma mesma contagem metafísica dum mesmíssimo
disfarce, de um outro resto que nos resta respirar.
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...fim?
ResponderEliminarGosto do jogo, não compreendo o gangrenoso, fico surpreendido por ter um fim tão rápido... não, sou eu quew não me apercebi na primeira leitura de que aqui o mar não leva, resiste.
Olá Manuel! Obrigado pelo comentário!
ResponderEliminarBom, em primeiro lugar vou começar pelo fim (passe a antítese)... O fim porque simplesmente o sujeito vê a sua pequenez de existir, quando se deixa envolver com aquele cenário, naquele momento, ditado naquela fotografia. Depois porque percebe a sua finitude e a falibilidade da vida humana.
O mar, perante o cenário que existente é de facto o único elemento que existe e resiste (para além da nossa existência). Por último a ideia gangrenosa, ele haverá maior ferida na vida Manuel, do que aquela ideia que nos avança e se alastra com o avançar dos anos e consequente envelhecimento?
Abraço Manuel!