quinta-feira, 29 de julho de 2010
aritmético
Calcula como as minhas
janelas se fecham ao verão
e à vida que corre lá fora.
Calcula como me escondo
sem rosto, como este desa-
ssossego branco me in-
quieta, neste meu (in)feliz
anonimato. Calcula ainda
a minha dignidade, fora
das praças e jardins, nos
demais pisos e paredes
que não vejo à luz do dia.
Vou coleccionando livros,
guardo-os debaixo da cama
junto ao cotão, no frenesim
das aranhas. Registo deles
também um pouco de mim,
a cada poema que escrevo.
Calcula-me um pouco agastado
por tudo; mas não o lamentes,
não lamentes quem escreve
sobre as janelas contidas
pelos jardins monocromáticos
vistos apenas pelo lado mais
seguro da noite. Calcula-me
escasso, pela ausência de
alma que promovo em mim.
Vê o que as palavras te querem
dizer e não as tomes como tuas;
calcula-as apenas como a um
desabafo que não faço a mais
ninguém. Considera que me
procuro em cada verso (sem
sentido), que me revejo em
cada linha que escrevo sem
pudor. Percebe esta minha
não-presença (in)feliz, porque
a desejo, não tanto quanto
o silêncio que me envolve.
Deduz por fim, como o meu
todo se resume ao mero
cálculo aritmético, encerrado
________[e simétrico, ao poema.
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Miguel, na minha humílima opinião, este poema está muito bom. Revela maturidade, pessoal e no manejo da palavra. Parabéns, poeta.
ResponderEliminarBom fim-de-semana. :)
Obrigado pelas tuas palavras de incentivo deep!
ResponderEliminarBom fim de semana.
Muito fluído e seguro... também gostei!
ResponderEliminarBjos
Obrigado Virgínia!
ResponderEliminarTambém gosto de te ver por aqui!
Beijo
Calculamos constantemente cada minuto e avanço que damos na vida,
ResponderEliminarCalculamos a cada minuto quem somos, donde vimos e para onde vamos.
Percebemos então que a vida é curta e constantemente calculada, por isso nada deve ficar por fazer ou dizer.
Abre as janelas, deixa que o sol de este ou outro Verão, aqueça teu leito,
Olha de frente o Sol, não te escondas na penumbra da noite, nem na força das palavras que escreves em cada poema teu.
Deixa trespassar a luz e observa o colorido dos jardins, não lhes confiras apenas o negro da noite.
Não te resumas ao silêncio que te encerra na sela dos sentimentos.
Não resumas teu ser a um mero cálculo aritmético.
Um erro, um simples erro de cálculo pode levar-nos a perder tudo aquilo que na verdade somos.
Muito interessante este poema.
Beijinhos Miguel
Uau! Love this one!
ResponderEliminarkisskat
Isabel beijinho e obrigado, já agora boas férias também :)
ResponderEliminar__________________________________
Katuxa, uma beijoca "gorda!" :D
Vai aparecendo por cá!
Eu gostei muito!
ResponderEliminarBeijossss
Ainda bem que gostaste Rosane!
ResponderEliminarWelcome a board! :)
Beijos