« - É urgente calar as armas da discórdia,
parar e pensar:
há feridas que alastram
o mau uso das palavras.»
Naquela tarde, tudo fingia estar no seu lugar,
os livros amontoados na estante,
a roupa atulhada obstruindo a visão,
o aspirador que rosna em cada divisão,
o telefone que toca e não cala.
Os números encalham,
a vida segue impávida e implacável
(parece dizer à socapa que este dia
não se repetirá). Como sempre,
tudo se atrasa porém. Nos arrumos,
riem-se caixas de papelão poeirentas
envoltas em teias de aranha frágeis.
Um copo de gelo quebra a monotonia,
entra em cena o malte que defuma
a respiração e o travo ácido da jornada,
entre um e outro cigarro, repetem-se
as prudências injectadas na pele,
quebram-se agora noite a dentro
os fios que sustêm a promiscuidade
indecifrável, de um bilhete de 2ª classe.
Tinhas razão, há gritos no nada:
este dia não acaba?
parar e pensar:
há feridas que alastram
o mau uso das palavras.»
Naquela tarde, tudo fingia estar no seu lugar,
os livros amontoados na estante,
a roupa atulhada obstruindo a visão,
o aspirador que rosna em cada divisão,
o telefone que toca e não cala.
Os números encalham,
a vida segue impávida e implacável
(parece dizer à socapa que este dia
não se repetirá). Como sempre,
tudo se atrasa porém. Nos arrumos,
riem-se caixas de papelão poeirentas
envoltas em teias de aranha frágeis.
Um copo de gelo quebra a monotonia,
entra em cena o malte que defuma
a respiração e o travo ácido da jornada,
entre um e outro cigarro, repetem-se
as prudências injectadas na pele,
quebram-se agora noite a dentro
os fios que sustêm a promiscuidade
indecifrável, de um bilhete de 2ª classe.
Tinhas razão, há gritos no nada:
este dia não acaba?
Há dias assim... Parecem roçar o infinito...
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